O que há de errado com o
Greta Van Fleet? Nada. Greta Van Fleet tem a característica de se parecer muito
com Led Zeppelin o que trouxe a discussão de volta para a rede.
Digo ‘de volta’ porque ano
passado (2018) já partilhavam uns videos deles e todos riam, mas ninguém ficava
puto e agressivo. Desta vez, por ocasião do Lollapalooza os ânimos se exaltaram
no meio roqueiro o que me fez digitar essa postagem.
Uma rápida pesquisa Google
sobre a ‘morte do rock’n’roll pode trazer um horizonte que poucos roqueiros
tem contemplado, mas que já foi amplamente discutido: Os Beatles colocaram um
fim ao rock’n’roll. O ano? 1967 é o que dizem. Mas ninguém diz que os Beatles
mataram o ROCK e sim que eles colocaram um fim ao “rock’n’roll”. Tiraram o ‘n’roll
e ficou só ROCK.
O que era o rock’n’roll? Era
tudo que fosse ligado à explosão de meados dos anos 1950 liderada por Elvis
Presley: doo-wop, surf music, Motown, the
British Invasion, James Brown.
Ao lançar Seargent Pepper's os Beatles criaram a música branca chamada rock. Canções como 'Yesterday' possibilitaram o surgimento de Simon & Grafunkel e eventualmente 'Yes' e 'Emerson, Lake and Palmer'.
De acordo com essa visão não apenas o rock nasce das cinzas do rock'n'roll, mas também morre aí a criatividade, a originalidade, a produtividade (garotos do século XX/XXI em frente a computadores sob ar refrigerado não conseguem produzir como homens que dão duro plantando cana, algodão ou cumprindo turno em uma indústria. Ao fim do dia esses homens produziam música enquanto os garotos de hoje com bons instrumentos e tecnologia apenas reciclam o que já foi feito).
Ao lançar Seargent Pepper's os Beatles criaram a música branca chamada rock. Canções como 'Yesterday' possibilitaram o surgimento de Simon & Grafunkel e eventualmente 'Yes' e 'Emerson, Lake and Palmer'.
De acordo com essa visão não apenas o rock nasce das cinzas do rock'n'roll, mas também morre aí a criatividade, a originalidade, a produtividade (garotos do século XX/XXI em frente a computadores sob ar refrigerado não conseguem produzir como homens que dão duro plantando cana, algodão ou cumprindo turno em uma indústria. Ao fim do dia esses homens produziam música enquanto os garotos de hoje com bons instrumentos e tecnologia apenas reciclam o que já foi feito).
1966 também
foi o último ano em que os compactos de vinil venderam mais que os álbuns (LPs). O rock é adulto, o rock'n'roll é jovem.
1966 foi quando a psicodelia
trouxe roupas antigas, orientais e de crochê para a moda causando a morte da moda também.
Desde então tudo tem sido releitura.
Também, mas talvez não em
1966, a ficção científica chega a um fim: Matrix é a cópia da trilogia
Neuromancer de William Gibson. O cinema bebe sofregamente em Phillip K. Dick.
Assista sci-fi na Netflix que todos os filmes são cópias descaradas e sem graça
dos grandes clássicos.
Os EUA, por sua vez, parecem
ter desistido da corrida espacial e todo aquele frisson pelo espaço sideral
chega a um halt e não temos quase mais nada além de mini-carros filmando os
desertos de Marte.
Voltando ao rock temos The
Jesus and Mary Chain como um Velvet Underground, Guns’n’Roses como Aerosmith, Glam
como retorno aos 1950, Hair Metal mais caprichado no look que New York Dolls, Grunge
como a cena sem nome dos EUA nos anos 1980 (Pearl Jam como Whitesnake?).
Quando ouvi Electric do The
Cult (1987) bati cabeça como se fosse AC/DC, quando eu tinha uma casa noturna
(2005-2007) me mostraram Muse e me soou como U2, Ramones é surf, o post-punk foi releitura
da música negra estadunidense/jamaicana + krautrock, o punk era anos 1960, os eletrônicos
todos são Kraftwerk ou Giorgio Moroder.
Releituras, reencenações,
reuniões, retrô. Bandas de velhos lotam estádios. A classe média se delicia com
móveis e artefatos vintage e no meio de tudo isso temos Greta Van Fleet,
injustamente apedrejados como arremedo de Led Zeppelin.
Greta Van Fleet não faz nada
menos nem mais que todas as bandas de rock, que todos os estilistas,
arquitetos, designers, escritores, cineastas, publicitários, jornalistas,
artistas, eu e você desde a segunda metade dos 1960.
Estão ajustados na
contemporaneidade, iguais a seus pares: Olham para traz, saqueiam os arquivos
da modernidade, reciclam, regurgitam, refazem, reabastecem, reequilibram.
Finalizo com o dicionário Priberam:
re-
(prefixo latino re-)
prefixo
1. Elemento designativo de repetição, .ação repetida ou .retroativa
(ex.: reabastecer, recandidatura, reequilíbrio).
2. Indica reforço (ex.: realçar, rebaixar, revelho).
"re", in Dicionário Priberam da
Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/re [consultado
em 09-04-2019].
fontes:
How the Beatles Destroyed Rock 'n' Roll by Elijah Wald
1966: The Year the Decade Exploded, by Jon Savage
fontes:
How the Beatles Destroyed Rock 'n' Roll by Elijah Wald
1966: The Year the Decade Exploded, by Jon Savage
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