O que você pensa quando ouve ou lê a palavra 'HIPPIE'?
O Google nos informa:
'hɪpi/
adjetivo e substantivo de dois gêneros
- 1.diz-se de ou pessoa, ger. jovem, que, nas décadas de 1960 e 1970, rejeitava as normas e os valores da sociedade de consumo, se vestia de modo não convencional (com influência da moda oriental), deixava crescer os cabelos, desprezava o dinheiro, o trabalho formal, freq. vivia em comunidades, pregava a não violência, a liberdade sexual e freq. a liberação das drogas.
- 2.adjetivo de dois gênerosp.ext. diz-se de ou jovem que usa os cabelos compridos e se veste de modo não convencional.
Quando escrevi o livro usei a palavra 'hippie' significando a contracultura. Novamente no Google:
contracultura
- substantivo femininomentalidade dos que rejeitam e questionam valores e práticas da cultura dominante da qual fazem parte.
A contracultura começou dos anos 40 para 50 nos EUA com a Geração Beat, mas não vamos abordar isso aqui.
Em Goiânia as pessoas entre 40 e 50 anos parecem ter uma outra opinião. Algumas pessoas de classe média sentiram-se ofendidas quando se viram retratadas como hippies nas páginas do livro.
Em Goiânia as pessoas entre 40 e 50 anos parecem ter uma outra opinião. Algumas pessoas de classe média sentiram-se ofendidas quando se viram retratadas como hippies nas páginas do livro.
banda Lingua Solta
"Não sou hippie", "nunca fui hippie" e "a gente não era hippie" é o que comentam, mas o que deve ser dito é que todo mundo no alternativo em Goiânia nos anos 70 era hippie sim e em alguns casos hippie até a medula. (em alguns casos até 1985).
Hippie místico, hippie maconheiro, hippie porra-louca, hippie de esquerda, hippie intelectual ou hippie de butique. Em algum desses estereótipos eles se encaixam perfeitamente e sabem muito bem disso.
Se o movimento punk conseguiu destruir alguma coisa foi a tranquilidade e convicção que a juventude dos anos 70 tinha em relação ao movimento hippie.
Hoje o hipsterismo voltou com nova cara e dentro de 30 anos veremos os barbudinhos de coque no cabelo dizerem: 'Nunca fomos hipsters', mas eles são e a gente sabe disso e eles também.
Retornando ao livro eu deixei bem claro que o punk e posteriormente o postpunk são a antítese do movimento hippie.
Não é necessário filosofar, falar de dialética, etc. Nos anos 80 o 'passado' do rock foi jogado no lixo e também o da moda, da atitude, etc.
Eu também usei alpargatas paraguaias, faixa de tear na cintura, colar de fibra vegetal e queimei incenso no meu quarto ouvindo Pink Floyd. Eu era um pequeno burguês. Eu não vendia artesanato na rua, nunca morei numa comuna, mas meu comportamento por volta de 1979 (13 anos) era 'copiado' da juventude que me precedia, que era uma juventude hippie, ser hippie era 'cool', era ser livre, era ser sexy, era bonito.
Eu era contraculturalmente hippie e quando ouvi Olho Seco e The Clash pela primeira vez encontrei minha geração e algo que me parecia não apenas novo, mas definitivo.
Não tenha medo de assumir que você era hippie, hippie não é só artesanato, é inteligencia também.
De uma coisa você pode ter certeza, os que reclamam que não eram hippies tampouco eram headbangers, punks, new wavers ou postpunkers.
feira hippie em Goiânia anos 1970
(Foto Carlos Sena Passos )
ps: a foto do Língua Solta é apenas a título de ilustração. Não consta que algum dos integrantes tenha se pronunciado contra o uso de sua imagem como um exemplo de 'hipsterismo'.
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